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domingo, 11 de maio de 2014

 
 
ESTUDO COMPARATIVO DE POEMAS AFRO-BRASILEIROS.
“ESSA NEGRA FULÔ” – JORGE DE LIMA & “OUTRA NEGRA FULÔ” – OLIVEIRA SILVEIRA.


 Os dois poemas, referem-se ao mesmo assunto: a mulher negra. O primeiro poema é citado no segundo décadas depois, em um jogo no qual sempre que o autor de um texto coloca um trecho de outro texto, no seu texto, ele está procurando retomar, na memória do leitor, lembranças, leituras anteriores, associações com o texto original. Isto quer dizer então que o autor ao utilizar esse diálogo, ou seja, ao citar trechos, fragmentos, ideias de outro autor, utiliza a chamada intertextualidade. Como podemos observar o poema “ESSA NEGRA FULÔ” – JORGE DE LIMA, tem como intenção de romper com o passado, o convencional nos versos Alexandrinos de doze sílabas poéticas (Alexandrino clássico ou Alexandrino francês) e busca uma linguagem com um vocabulário acessível, intrinsecamente brasileira, envolvente e principalmente comprometida com uma literatura sob princípios católicos e a problemática dos negros. O poeta denuncia a manifestação de grupos sociais desfavorecidos – os negros -, por meio de narrativas que mais parece cantigas (palavra cantada) no que tange à vivência d’essa negra Fulô, mulher que não fala, é passiva e inoperante no espaço tempo, no espaço ritual, onde ela imprime permanente celebração, exploração pelo seu “Sinhô/dono”; onde realizaria todas as tarefas: as da lavoura, da casa-grande, serviços domésticos à satisfação dos desejos sexuais. Por outro lado, “OUTRA NEGRA FULÔ” – OLIVEIRA SILVEIRA ( O poeta da Consciência Negra e um dos idealizadores do dia 20 de novembro, como dia da consciência negra – feriado nacional aqui em nosso país); chama nossa atenção para o que está posto em nossa constituição atual após a Lei Aurea Assinada “abolindo” a escravidão no Brasil, em 13 de maio de 1888. Em outras palavras, a declaração de ter direitos não garante a efetividade da cidadania. Ser cidadão é usufruir (ter acesso efetivo) aos direitos civis, políticos e sociais. Em resumo, algo negado aos negros em território brasileiro, possuindo uma série de lacunas e falhas desde a ausência de uma política educacional que vise à emancipação desses cidadãos, quanto aos salários justos, direito à saúde e sua representatividade parlamentar. O poeta da consciência negra, em “outra negra Fulô”, à semelhança de Sócrates em tempos de modernidade provoca e estimula aos leitores a buscar pelo conhecimento verdadeiro, incute na personagem negra, mulher com todas as suas fragilidades inerentes, a indignação/indagação necessária para uma revolta, um entendimento sobre justiça, palavra que deve ser aplicada à todas as pessoas. Desde então, a negra Fulô que encontramos nesse segundo poema procura exaltar uma mulher negra sob outra significação, outra ótica da diferença, armada com um discurso de resistência contra o explorador e de defesa de seus interesses. Para melhor compreender os dois poemas, temos que entender que é sob a base do erotismo, da sensualidade própria das mulheres, que essas duas personagens negras, com mesmo homônimo, se colocam em cada período da história (colonial e moderna/contemporânea), como se fosse a luz de uma estrela que cai cada vez nova em meio ao cenário caótico da escravidão ou da cultura racista, dos acontecimentos que correm através dos tempos. Devemos aprender com elas a resistência, longe de juízos de valores que discriminam as atitudes da primeira personagem de Jorge de Lima, uma mulher que sobrevive em meio a escravidão, tortura e fome; sendo conivente (fingindo não ver ou não perceber o mal que outrem pratica), a preferir a morte. A outra mulher negra de Oliveira Silveira, personagem questionadora, que tem seus valores dirigidos à realidade social, é capaz de ações que determinam no “explorador, machista – o homem com todos os seus interesses sejam materiais ou sexuais”, uma alienação tal, que muda de posição nesse processo. De explorador à explorado. Neste contexto, destacamos a realidade social e política do país (Brasil) daquela época, o avanço significativo pelo que vem passando, o papel da mulher no avanço democrático, na reflexão hermenêutica dessa mulher(es) constantemente encontradas no mundo contemporâneo.

Por: Jufran Alves Tomaz.

Mãe, em sua homenagem.




Juberlita

 

Justa em todas as ocasiões,

Uniu-se em matrimônio a um homem que lhe faz o

Bem.

Esperança de dias melhores para os seus,

Reina como emblema em seu pensar.

Liberdade na sua concepção depende da

Igualdade entre os homens.

Trabalhadora sempre foi, és.

Amo-te!

sábado, 10 de maio de 2014

 
Segredo
 
Chega à tarde
E recordo a cidade
Clima quente, sol a estalar
Suor  a descer na biqueira
Do meu rosto.
Atônito me vejo menino,
Franzino e cabeçudo.
Erotismo próprio dos brasileiros,
Desprezo para os ditos perfeitos,
Sal roubado para temperar
A manga madura que será degustada,
Passada de mão a mão entre amigos.

domingo, 4 de maio de 2014

 
 
 

Lembro-me de ti,
Pico do Cabugi,
Com muita saudade.
Paisagem a se destacar
Em meio à caatinga,
A seca.
Montanhas, planaltos e planícies
Encurvam-se
Perante sua soberania.
Foi testemunha
Da cidadezinha que cresceu
Em teu quintal.
Do lajedo do sertão
Ergueu-se tão bela,
Intitulada de Lajes
Com toda moção,
Teus munícipes te olham
Todos os dias
Com admiração.
E os transeuntes
Passam e te notam,
Te olham,
Admirados por vê-lo
Gigante;
Paredão de pedras,
Dedo amputado da
Mãe África e grudado
Em terras brasileiras.
Nosso pico do Cabugi!