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sexta-feira, 24 de março de 2017


Todos carregamos marcas, visíveis e invisíveis, no corpo e na alma. Elas são partes de nossas histórias. Algumas podem nos mostrar de onde viemos, por onde passamos e onde chegamos. Nesses casos, não devem ser cobertas, mas conservadas como portas para reflexão e janelas para a gratidão.


Créditos da foto: Alberany Alves Tomaz (arquivo pessoal).


Sou fã das coisas simples. Fogão à lenha, casa com piso de barro e água fria retirada do pote. Vivi essa realidade em minha infância... Como não lembrar também os baús pesados dos meus avós maternos, José Alves Fernandes e Deocleciana Vieira de Melo; arrumados na sala de estar, faziam a decoração do lugar ficar mais alegre, sinuoso para o assentar dos netos e transeuntes que passavam constantemente na estrada de terra.
Amo a chuva mais que o mar. É ela que me toca com dedos de saudades!



Tem dias que me sinto vagando em milhares de lembranças doces... Fico doce, igualzinho ao alfenim que era exposto em baús nas calçadas em frente a Igreja Matriz de Santa Ana, enroladinhos em papel de embrulho... Esses doces tinham vários formatos: bonecas, animais diversos e anjos aos milhares. Era divertido poder morder por partes cada alfenim branquinho, que compravam para mim. Hoje, olho o tempo atual e as calçadas vazias desse produto, já não encontro os caixotes amarrotados de doçura, não mordo mais as asas de nenhum anjinho de açúcar com cabelos pintados de anilina comestível de múltiplas cores... O que fazer então, vagar solitário nas lembranças de minha mente frágil e sentir o sabor surreal na boca, a cada imagem que se multiplica em mim nessa tarde fagueira.