15
de Outubro, 2015.
Queridos
professores,
O
que comemorar nessa data de quinze de outubro? O que representa o dia dedicado ao
professor? Mais um feriado “restrito em nosso calendário”, que permite descanso
a uma classe de trabalhadores em detrimento há outros que permanecem em suas
atividades, mesmo trabalhando nas mesmas instituições? Reconhecimento por parte
dos governantes que exibem mensagens por meio de “carros de som”, faixas,
almoços nas escolas com direito a música ao vivo e discursos medíocres de
agradecimento por nosso dia? Os descontos ilícitos em nossos salários ao final
do mês, mesmo estando sob atestado médico? Ou seria mais um dia de festa para
nossos alunos, pelo menos é para a maioria que nem lembram que hoje é nosso
dia?!
Professores,
poucas ou nenhuma flor irás receber nesse seu dia! Os espinhos ainda
continuarão a nos transpassar, enchendo-nos de dor, fazendo-nos sangrar...
Se
hoje as homenagens nos cercam, é como o cal virgem a ser posto nas paredes de
uma casa; tentativa de mascarar as marcas do tempo, as lutas que cada um de nós
travamos no interior das salas de aulas, os movimentos grevistas que expõe o falseamento
dos dirigentes em educação – seres ignóbeis, manipuladores a serviço de satanás
para desunir, destruir os professores.
Poderia
aqui, falar das diversas posições teóricas de Althusser e reforçar seu
pensamento sobre a Escola enquanto “aparelho ideológico do Estado”, onipresente
e absolutamente dominante. Mas a filosofia marxista, as ideias de Gaston Bachelard, Antonio Gramsci entre outros, talvez torne nosso texto por
demais enfadonho aos que nesse dia encontram-se cegos diante das festas “pagãs”
(em que os sete principais vícios de conduta:
gula, luxúria, avareza, ira, soberba, preguiça e inveja; distraem-nos), incapazes de enxergar as estruturas
sociais mancomunadas em nos deixar assim mesmos, cegos.
Essas mesmas estruturas sociais muitas vezes
são usadas pelos governantes para impedir que a luz seja vista por nossos
estudantes. Por isso chamo de estruturas sócias demonizadas, controladas por
gestores (pessoas sem conhecimento/formação adequada, muitas das vezes sobre o
que é fazer educação; outros, professores com formação em nível até de
pós-graduação e que tornaram-se por causa do cargo “o poder por trás do poder”)
para oprimir, destruir e impedir que os mais pobres – Joãos e Marias, seres
abstratos, possam conhecer, ver a luz do conhecimento. Sempre há pessoas
desesperadas por pactos e acordos politiqueiros, desejando darem-se bem em
detrimento de outrem. Na educação não é diferente. É triste constatar que,
colegas de profissão, professores, em muitas ocasiões, o cargo X, o dinheiro de
gratificações, patrocinam e controlam o poder que deveria fortalecer uma
classe, classe da qual ele/a fazem parte.
Chega de espinhos! Lembremos que nosso ato é
político.
Como afirmou um dia Rubem Alves: onde estão
os Jequitibás?
Nós precisamos continuar espalhando nossas
raízes no subsolo poluído dessa terra de negócios escusos, enfrentarmos os
incêndios provocados pelos patrocinadores do poder.
Ensinar para mim é servir aos outros! Servir
aos pobres e ricos, dizer que há um controle, um poder a serviço de interesses
próprios que separa a todo instante as pessoas, os outros em seu favor. Tudo isso, na perspectiva do servir ao mundo
é que eu me tornei professor, desejoso que meus estudantes adquiram a visão de
se servirem do mundo de maneira socialmente responsável, libertando os escravos
da ignorância, socorrendo a natureza, comprometidos com todas as pessoas e suas
necessidades no sentido mais amplo da palavra.
Enfim, neste dia dedicado a nós, sejamos
resistentes a satanás! Nesse mundo físico e espiritual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário