Já é carnaval
Barulho e marchinhas se unem
na boca e espalham-se pelas ruas das cidades.
O povo grita de felicidade
ou nutridos pelo álcool que abastece os foliões, em sincronia descem e sobem
como “muriçocas” em zigue-zague pelas ruas e ladeiras.
O sexo aflora, sentimos seu
cheiro nas esquinas, ao caminhar pelas calçadas e praças, tudo está à mostra.
É nesses quatro dias que
descobrimos os mais ardentes desejos de pessoas que vivem por esconder debaixo
de sete chaves sentimentos, emoções. Homens vestindo-se de mulheres e mulheres
de homens, em um troca troca de roupas, personalidades ou ilusão.
Os fiéis religiosos disparam
seus olhares de acusação, sentem-se protegidos nos retiros, em casas de oração;
por outro lado, sufocam ou não os mesmos desejos do então “monstro da carne” em
seus corações. A negação vem rapidamente ao lerem esse texto, fruto da
imaginação abalada pela literatura que os denunciam e anuncia sua própria
escravidão [...] Ser livre é voar sem medo da escuridão! É guiar-se durante o voo por entre os montes da devassidão sem chocar-se aos mesmos.
Já é carnaval!
E o povo canta para esquecer
as tristezas.
O gari levanta seu
estandarte na avenida movimentada, mas não é reverenciado, a catadora de
latinhas passa sob os olhares mil e não é ovacionada; os seguranças são vistos
como paredões de concreto e nada mais.
E segue a passista “nua” na
avenida e desejada como a água que falta em nossas casas.
Carnaval é festa, se do cão?
Só se for àquele acorrentado dentro de sua própria casa, na casinha chamada “mente”
– cérebro!
Nenhum comentário:
Postar um comentário