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terça-feira, 16 de março de 2021


 

É natural que ao longo da vida recebamos avaliações, tanto de pessoas quanto de situações, que regem a nossa história e se tornam verdades absolutas.  Algumas são boas, outras ruins, mas na maioria das vezes nós nem percebemos ou conseguimos mudar essas referências. Este mecanismo natural faz parte do nosso processo de crescimento e joga contra nossa evolução e autoestima.

Hoje ao ser convidado por “alguns” amigos professores para assistir ao evento de abertura da Jornada Pedagógica 2021 do município de Santana do Matos-RN, da Palestra de Abertura: Educação em tempos de pandemia: desafios, perspectivas e inovação, pude mais uma vez observar como a escolha de negar a realidade como forma de escapar de uma verdade desconfortável parte não apenas de quem está no poder, como também de alguns que lutam por vezes por mudanças no cenário educacional. As decepções ao longo da carreira levam esses profissionais à insatisfação. Seja por condições de trabalho ruins, estrutura precária, baixos salários (a não implementação do piso salarial, o que é Lei) e falta de reconhecimento.

Mesmo assim, em momentos como esse, de palestras e seus oradores (famosos ou anônimos), muito bem pagos por suas horas de dedicação nesses eventos midiáticos ou não, encontramos por meio deles um repertório que já sabemos o que traz: a ideia majoritária de quem os contratou.

Entre blá, blá, blá teórico, uso de estratégias circenses ou até mesmo no uso de jargões humorísticos, há sempre uma ideia dominante por trás. A vontade do patrão sobre a do trabalhador, do opressor sobre o oprimido, do patriarca contra qualquer esforço de igualdade por parte da mulher, da mulher “bem casada” como exemplo de virtude e superioridade diante da adúltera (rapariga), entre o político eleito e os cidadãos.

É notório como alguns dos meus colegas se deixam impressionar com discursos manipuladores, distantes da realidade da escola ou mantenedores de uma ideologia que continua alargando distâncias entre os que deveriam pensar e se organizarem enquanto cidadãos conscientes e os que detém a força de trabalho. Não mais desanimador é o “efeito rebanho” ou cascata de água perene ladeira abaixo; elogios, aplausos de alguns professores que ou por ignorância, rasos de leituras ou àqueles que sempre estiveram contaminados com o vírus chamado “xeleléu” – bajuladores de plantão, ou acostumados a receberem benesses (cargos os mais diversos, menos ocuparem as suas verdadeiras funções que é a sala de aula), precisam a todo momento demonstrarem aos seus superiores (venhamos e convenhamos, também são profissionais em cargos passageiros) que os apoiam. Ervas daninhas são esses bajuladores, catequizadores quando atuam no contexto da sala de aula, longe da vista de seus superiores. Esquecem que a educação deveria ser laica! Estamos longe de vê-la laica, há dificuldades para esses senhores/senhoras do tempo presente abrirem-se para a diversidade.

O que dizer daqueles diretores/diretoras das mais diversas repartições da educação que antes militavam em prol dos direitos dos trabalhadores? O espírito da muda baixou neles/nelas, a voz confunde-se com uma diplomacia carregada de conveniências sociais que os impedem de serem a voz nos espaços de fala (nas mídias ou não), tudo em prol do “status quo” que ostentam. Antes, eram “companheiros/companheiras dos explorados/as” pelo poder público, agora são irmãos/irmãs leais da participação nos cargos comissionados – fodam-se os antigos companheiros/companheiras.

Por fim, a roda gigante da vida costuma girar!

Esses “alguns” - “cangaceiros pedagógicos do bem” (se houve ou há esse cangaceiro/a do bem), confundem-se com os próprios “morcegos sombrios”. Em tempo de pandemia, a educação agoniza pela falta de vacinas esquecidas lá dentro da própria escola: Pedagogia do Oprimido, O Ato de Ler, Pedagogia da Autonomia. Paulo Freire ainda deixou vários outros antídotos para a nossa educação. Precisamos usá-las, estudarmos mais e mais... ou do contrário, seremos presas fáceis de “pedagogias ilusórias”, psicólogos brincando de serem professores, secretários de educação que não têm domínio e nem acesso aos recursos financeiros da pasta que assumiram, brincam que administram, são espantalhos expostos as aves de rapina, homens e mulheres de lata em busca de um coração para si e para educação, marionetes nas mãos de políticos que não sabem o que verdadeiramente é educação.