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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Poema!























O Teu Riso







Tira-me o pão, se quiseres,


tira-me o ar, mas


não me tires o teu riso.






Não me tires a rosa,


a flor de espiga que desfias,


a água que de súbito


jorra na tua alegria,


a repentina onda


de prata que em ti nasce.






A minha luta é dura e regresso


por vezes com os olhos


cansados de terem visto


a terra que não muda,


mas quando o teu riso entra


sobe ao céu à minha procura


e abre-me todas


as portas da vida.






Meu amor, na hora


mais obscura desfia


o teu riso, e se de súbito


vires que o meu sangue mancha


as pedras da rua,


ri, porque o teu riso será para as minhas mãos


como uma espada fresca.






Perto do mar no outono,


o teu riso deve erguer


a sua cascata de espuma,


e na primavera, amor,


quero o teu riso como


a flor que eu esperava,


a flor azul, a rosa


da minha pátria sonora.






Ri-te da noite,


do dia, da lua,


ri-te das ruas


curvas da ilha,


ri-te deste rapaz


desajeitado que te ama,


mas quando abro


os olhos e os fecho,


quando os meus passos se forem,


quando os meus passos voltarem,


nega-me o pão, o ar,


a luz, a primavera,


mas o teu riso nunca


porque sem ele morreria.






Pablo Neruda, in "Poemas de Amor de Pablo Neruda.

2 comentários:

  1. Olá... o tempo passou...as lembranças permanecem ... apesar da diversidade.. das nossas caminhadas terem tomado um outro rumo, apesar da distância geográfica... vc fez e fará parte de minha história, da história do meu município...fiquei feliz por saber que estás bem

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    Respostas
    1. Verdade! Somos mais que poeira levada pelo vendo das adversidades, somos sobreviventes neste mundo! Abraço e tudo de bom!

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