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sábado, 25 de setembro de 2010

Loucura




Janelas Abertas Nº2
Caetano Veloso

Sim, eu poderia abrir as portas que dão pra dentro

Percorrer correndo os corredores em silêncio

Perder as paredes

aparentes do edifício

Penetrar no labirinto

O labirinto de labirintos

Dentro do apartamento

Sim eu poderia

procurar por dentro a casa

Cruzar uma por uma as sete portas,

as sete moradas

Na sala receber o beijo frio em

minha boca

Beijo de uma deusa morta

Deus morto,

fêmea de língua gelada

Língua gelada como nada

Sim,

eu poderia em cada quarto rever a mobília

Em cada uma matar um membro da família

Até que a plenitude e a

morte coincidissem um dia

O que aconteceria de qualquer jeito

Mas eu prefiro abrir as janelas prá que

entrem todos os insetos.

 
"Em todos os lados, a loucura fascina o homem. As imagens fantásticas que ela faz surgir não são aparências fugidias que logo desaparecem da superfície das coisas. Por um extranho paradoxo, aquilo que nasce do mais singular delírio já estava oculto, como um segredo, como uma inacessível verdade, nas entranhas da terra." Michel Foucault.

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