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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Seguindo em frente

É quando chega à tarde que retomo as forças para escrever, depois de um dia de trabalho, de estresse, de pegar três conduções para chegar à escola aonde desenvolvo minhas atividades diárias. Verifico meus diários, lembro de cada rostinho das crianças que ensino, da aprendizagem que cada um me proporciona, mesmo em meio às dificuldades que enfrentamos na convivência em sala de aula. Preparo minha mochila para o dia seguinte e sigo na labuta de casa: lavar louça, varrer, passar, retirar o pó da mobília e dos meus livros, cozinhar. Às vezes sou surpreendido por visitantes, estes contam suas experiências e pedem conselhos, mas como diz o ditado popular “se conselho fosse bom não se dava, se vendia”! E eu que continuo oferecendo os meus ouvidos para servir àqueles que necessitam de atenção, fico a olhar pela janela de minha casa, minhas plantas, a garagem vazia, os passarinhos e lagartixas que saltam e esconde-se na dança desenfreada pela sobrevivência. Ouço meus amigos, atendo o telefone, faço compras, recebo minhas correspondências, tudo na ânsia desenfreada do tempo, no desejo de viver. Paro por instantes e percebo a roda do sistema capitalista engolir os pobres no consumismo, no assistencialismo político, na privatização dos serviços (saúde e educação, por exemplo), ignoro meus conhecimentos acadêmicos e tento agir naturalmente como qualquer pessoa que não teve acesso aos estudos, me vejo simples, esvaziado de mim mesmo, comum. É nesse momento que entendo a relação de alienação no trabalho pelo qual passa um determinado funcionário de uma empresa (linha de montagem), ao desenvolver seu trabalho de maneira específica, sem ter consciência do que está fazendo como um todo. Retomo minha vida meritocrática e sigo viagem novamente, sentindo desdém por tudo aquilo que me faz perder tempo, dinheiro e informação. Por tudo aquilo que me deixa mais humano! Terrível sensação, monstro que tenta nos afastar de coisas fundamentais: a família, os amigos e o amor... Amor que está à venda nos shoppings (enganam-se quem pensa que o comércio escravo de seres humanos acabou no Brasil), nas esquinas das ruas, tudo com seu preço estampado e até em promoção, já que estamos quase no natal! E ai?! Vamos enfeitar nossas janelas com meias de algodão? Vamos esperar que o papai Noel bata a nossa porta (já que aqui no Brasil as casas não têm chaminés)? Ou vamos abrir nossas bocas e sair aos quatro cantos do mundo, anunciando o que há de mais belo no mundo, o ser humano?!

Um comentário:

  1. TEXTO MARAVILHOSO, PRONTO E PONTO!
    QUALQUER COISA QUE EU ESCREVER ALÉM DISSO ESTAREI SENDO RESUMIDO...

    _________________
    RÔMULO GOMES

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